
Uma das maiores descobertas na histá│ria da arqueologia, devida a um jovem mergulhador diletante. Duas das mais belas obras da arte grega chegadas atá® ná│s, mas cuja origem ainda intriga e divide os arqueá│logos. Conheáºa a fascinante histá│ria dos Bronzes de Riace e da sua incrá¡vel descoberta!
Bronzes de Riace: o achado de Stefano Mariottini
Era o dia 16 de Agosto de 1972. Aquele poderia ter sido apenas mais um dia comum para o jovem romano Stefano Mariottini, o qual passava, como de costume, suas fá®rias de veráúo no belo mar da cidade de Riace Marina na Caláíbria. Stefano tinha se adentrado no mar com um barco de pesca para praticar seu hobby preferido: mergulho.

Uma vez embaixo dÔÇÖáígua porá®m, a oito metros de profundidade, ele notou uma coisa estranha: uma espá®cie de braáºo que sobressaá¡a da areia no fundo do mar! Assustado, o jovem mergulhador, pensando áá primeira vista que pudesse se tratar de um cadáíver, voltou rapidamente áá tona para respirar.

Todavia, vencido pela curiosidade e mesmo pela preocupaáºáúo, Stefano resolveu mergulhar de novo, sem saber que estava prestes a fazer um dos maiores achados na histá│ria da arqueologia. De fato, descendo novamente atá® o fundo do mar, ele percebeu que o que tinha visto antes era na verdade um braáºo metáílico e, sondando um pouco mais, se deu conta que se tratava náúo de um, mas sim de dois ÔÇ£corposÔÇØ encobertos pela areia!

O resgate dos Bronzes de Riace
Acionada pelo jovem, a Polá¡cia mandou, com grande demora, um time de mergulhadores para averiguar, sem grandes pretensáÁes, o achado de Stefano. No entanto, a notá¡cia jáí tinha comeáºado a circular pela cidade e muitas pessoas acorriam para assistir ááquilo que esperavam pudesse ser a descoberta de um tesouro perdido. E náúo estavam enganadas: os esforáºos dos mergulhadores comeáºou aos poucos a trazer áá tona duas estáítuas de bronze maciáºo que, embora encobertas por uma crosta espessa, jáí revelavam a inegáível origem artá¡stica grega.

O entusiasmo foi contagiante e tomou náúo sá│ a pequena cidade de Riace Marina, mas toda a Europa, curiosa de saber quais eram aquelas estáítuas e como tinham ido parar no fundo do mar. Levadas atá® o Museu da Magna Grá®cia em Reggio Caláíbria, comeáºou o trabalho de restauraáºáúo: por debaixo da crosta comeáºavam inesperadamente a aparecer náúo duas estáítuas quaisquer, mas sim de extraordináíria execuáºáúo, verdadeiras obras-primas da escultura grega. Naturalmente, a comunidade dos arqueá│logos, extasiada, celebrou o acontecimento como um dos maiores na histá│ria da arqueologia.

O evento era extraordináírio tambá®m por um outro motivo. Muitas pessoas náúo sabem, mas quase nenhuma estáítua grega original chegou atá® ná│s: as estáítuas em máírmore que vemos pelos museus e que chamamos de ÔÇ£gregasÔÇØ sáúo na verdade rá®plicas tardias, ainda que perfeitas, de á®poca romana. Os escultores gregos de á®poca cláíssica preferiam o bronze ao máírmore e foi justamente esse motivo que levou a que quase nenhuma das esculturas gregas chegassem atá® ná│s, pois o bronze á® um material precioso e, sobretudo, á║til em tempos de guerra para a forja de armas. Assim, nos perá¡odos mais conturbados da histá│ria da Grá®cia, invadida e saqueada nos sá®culos por diferentes povos báírbaros, boa parte das estáítuas cláíssicas em bronze foram fundidas e infelizmente se perderam.

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Restava saber quais eram aquelas estáítuas e como tinham ido parar no fundo do mar. Quanto áá segunda pergunta, os arqueá│logos chegaram áá conclusáúo de que as esculturas gregas tinham sido compradas por um rico romano, colecionador de obras da Grá®cia, que as tinha importado de navio: esse todavia naufragou, escondendo por dois mil anos sob a areia as duas belas estáítuas atá® o dia da feliz descoberta de Stefano. Jáí a identidade das estáítuas continua sendo atá® hoje um dos grandes mistá®rios da arqueologia e, embora diferentes interpretaáºáÁes tenham sido propostas, os arqueá│logos ainda náúo conseguiram dar uma resposta definitiva a quem sáúo os dois homens representados nas estáítuas.

Se vocᬠfor atá® Reggio Caláíbria, náúo deixe de visitar o Museu da Magna Grá®cia, um dos poucos no mundo que pode se orgulhar de náúo apenas uma, mas sim duas estáítuas gregas originais e de extraordináíria qualidade artá¡stica. Ali vocᬠpoderáí apreciar toda a exá¡mia e prodigiosa habilidade dos escultores gregos da á®poca cláíssica em representar nos menores detalhes a foráºa, a beleza e a potá¬ncia heroica do ser humano, que nem mesmo a passagem erosiva dos sá®culos conseguiu corroer.



Por Yuri Borges Loyola
Foto de capa: kLaPress