Conheáºa a histá│ria de Pienza, a cidade ideal de Pio II

O Renascimento foi uma das á®pocas de ouro da Itáília, um tempo de grandes ideias e projetos, em todos os áómbitos das ciá¬ncias e das artes. Em meio áás encantadoras colinas do sul da Toscana, se esconde uma das joias daquele perá¡odo, planejada para ser a cidade ideal segundo os moldes da Renascenáºa.

Conheáºa a histá│ria da cidade utá│pica de Pienza e do homem que a sonhou: papa Pio II.

As origens de Pio II

Pio II nasceu no pequeno burgo de Corsignano, ao sul de Siena na Toscana, no ano de 1405. Sua famá¡lia possuá¡a remotas origens nobres, mas tinha entáúo caá¡do na pobreza. Seu pai, homem extremamente culto e amante da Antiguidade, decidiu chamáí-lo Enea Silvio, nome do herá│i troiano protagonista da Eneida de Virgá¡lio, do qual acreditava que sua famá¡lia fosse descendente. O amor pela Roma antiga transmitido por seu pai acompanharia Enea Silvio por toda a vida.

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Aos dezoito anos, ele deixou para tráís a pequena cidade natal para se dedicar aos estudos em Siena. Sua famá¡lia o tinha mandado ali para estudar direito na Universidade, mas Silvio náúo gostava do curso, e preferiu se dedicar ao estudo das letras cláíssicas, gregas e latinas. Alguns anos depois, seu pai quis mandáí-lo tambá®m áá prestigiosa Florenáºa: aqui ele pá┤de se tornar aluno de alguns dos maiores nomes do Renascimento italiano. Enea Silvio tinha entáúo vinte e seis anos.

Depois de tantos anos de estudo, o rapaz finalmente podia se orgulhar náúo sá│ de ter superado seu pai em conhecimento e amor pelos Antigos, mas tambá®m por ter se tornado um dos melhores oradores e escritores em latim de toda a Europa. O talento e brilhantismo fizeram dele um dos maiores diplomatas da á®poca, homem de confianáºa seja do Imperador, seja dos papas. Por este motivo Silvio decidiu iniciar a carreira eclesiáística: escolha que o levaria dentro de alguns anos a se tornar, inesperadamente, ele mesmo papa.

O papado

Momento decisivo nesta direáºáúo foi a queda de Constantinopla, em 1453: a conquista do Impá®rio Bizantino por parte dos muáºulmanos abalou os europeus, principalmente aqueles que, como Silvio, viam em Constantinopla a á║ltima herdeira do antigo Impá®rio Romano. A reaáºáúo de Enea Silvio náúo se fez esperar: nos anos seguintes ele defendeu energicamente a necessidade de uma cruzada para retomar Constantinopla e Jerusalá®m dos Turcos, convocando para tal os maiores prá¡ncipes e reis de toda a Europa. Dentro de poucos anos sua veemente campanha, unida áá grande capacidade diplomáítica, lhe valeu a eleiáºáúo ao papado.

Tendo entáúo se tornado papa, Enea Silvio adotou para si mesmo, como pontá¡fice, o nome simbá│lico de Pio II. Era uma singela homenagem a seu pai e ao amor pelos cláíssicos que ele tinha lhe transmitido: aquele mesmo herá│i protagonista da Eneida, Enea Silvio, do qual ele tinha recebido o nome de batismo, era definido por Virgá¡lio váírias vezes na sua obra pius áåneas ÔÇô e assim, eleito papa, Enea Silvio decidiu dar-se o nome de Pio II. Mas o novo papa tinha em mente ainda outra homenagem áás suas remotas origens; uma homenagem grandiosa e imponente, digna dos prestigiosos nomes que ele carregava.

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Pienza: a utopia de Pio II

Convocado um dos maiores arquitetos da á®poca, Rossellino, Pio II expá┤s seu ousado projeto: construir uma cidade ideal, perfeita segundo os paradigmas do Renascimento, uma espá®cie de utopia arquitetá┤nica em que se realizassem todos os ideais de beleza e harmonia da á®poca. O lugar onde realizáí-la? Nada mais nada menos que Corsignano, a pequena cidade natal do papa! Nos anos seguintes, o arquiteto Rossellino demoliu os edifá¡cios da cidade com a intenáºáúo de reconstrui-la do zero: Corsignano mudou entáúo de nome, passando a se chamar Pienza, a ÔÇ£cidade de PioÔÇØ.

O resultado á® uma das maiores pá®rolas da arquitetura da Renascenáºa, um sonho de beleza rara e irrepetá¡vel. Em pouco mais de trá¬s anos o antigo burgo tinha cedido lugar a um centro completamente renovado, cujo coraáºáúo era a Praáºa Pio II, para o qual os principais monumentos da cidade, civis e sagrados, tinham vista. Um conjunto arquitetá┤nico sem igual que valeu ao centro histá│rico de Pienza a declaraáºáúo de Patrimá┤nio da Humanidade pela Unesco enquanto ÔÇ£obra prima do gá¬nio criativo humanoÔÇØ (1996).

Infelizmente nem Pio II nem seu fiel arquiteto puderam aproveitar por muito tempo o prá│prio sonho que se tornava realidade: apenas dois anos apá│s a inauguraáºáúo ambos morriam, a poucos meses de distáóncia. Pio II faleceu no porto de Ancona onde, embora gravemente adoecido, estava prestes a embarcar naquela cruzada aventurosa rumo a Constantinopla que tanto tinha querido. Deixa pensativo imaginar o que a cidade poderia ter se tornado se o projeto náúo tivesse sido interrompido devido áá morte de seus criadores… Reconforta porá®m saber que seu ná║cleo principal, a Praáºa Pio II e arredores, chegou atá® ná│s completamente intacto: um espetáículo extraordináírio e á║nico de beleza que vale a pena contemplar.

Por Yuri Borges Loyola
Foto de capa: ZoomTeam / Bigstock