Veneza: conheáºa a histá│ria de suas pontes mais importantes

Em Veneza existem mais de 400 pontes, cada uma delas oferece uma visáúo diferente da cidade. Quatro delas conectam as duas margens do Canal Grande, a principal via navegáível da ilha: a Ponte de Rialto, a Ponte da Academia, a Ponte degli Scalzi e a recentá¡ssima Ponte de Calatrava. Todas as outras ligam as demais partes da cidade, passando por cima dos cerca de 150 canais que cruzam Veneza.

Conheáºa um pouco da histá│ria, lendas e curiosidades das pontes mais famosas de Veneza.

A Ponte Rialto: a primeira ponte sobre o Canal Grande

Em 1181, Nicolá▓ Barattieri foi contratado para construir a primeira conexáúo entre as duas margens do Canal Grande. A ponte foi construá¡da com velhos barcos e foi denominada “Ponte della Moneta”, provavelmente devido áá proximidade da Casa da Moeda da Serená¡ssima.

Com o sucessivo desenvolvimento da zona de Rialto, para a qual o mercado tinha sido transferido, tornou-se imprescindá¡vel dar maior estabilidade áá construáºáúo, em virtude do grande tráífego que se desenvolvia no bairro. Foi assim que, em 1250, os barcos que haviam servido de ligaáºáúo entre as duas margens do canal durante cerca de um sá®culo, foram substituá¡dos por uma estrutura de madeira mais sá│lida. Apá│s essas obras, a “Ponte della Moneta” se tornou a “Ponte di Rialto”. A estrutura de madeira, no entanto, tinha váírios inconvenientes e exigia uma manutenáºáúo meticulosa, por isso decidiu-se substituá¡-la por uma estrutura em pedra.

A construáºáúo hoje visá¡vel, de autoria de Antá┤nio da Ponte, foi concluá¡da em 1591. A nova Ponte de Rialto náúo difere muito da estrutura de madeira que a precedeu, constituá¡da por duas rampas inclinadas e uma secáºáúo central, todas cobertas por um elegante pá│rtico.

A Ponte da Academia

A crescente popularidade de Veneza e o aumento constante de pessoas que animavam a cidade, deram origem áá necessidade de aumentar as conexáÁes entre as duas margens do Canal Grande. Em 1854, portanto, foi inaugurada uma nova ponte, chamada Ponte da Academia (devido ao fato de estar prá│xima áás Gallerie dellÔÇÖAccademia, o antigo colá®gio sucessivamente convertido em pinacoteca).

A ponte foi construá¡da inteiramente de ferro, mas a proximidade com a áígua e a umidade que aflige Veneza rapidamente mostraram a infeliz escolha do material. O engenheiro Eugenio Miozzi construiu entáúo uma aná┤nima ponte em madeira, aberta ao pá║blico em 1933.

A estrutura hoje visá¡vel á® praticamente a original, áá qual foram acrescentadas váírias peáºas metáílicas para garantir maior estabilidade. Certamente náúo á® uma das pontes mais bonitas de Veneza, mas o panorama que dela pode ser apreciado á® realmente muito sugestivo: admira-se o Canal Grande por váírios quilá┤metros e nas suas margens os edifá¡cios coloridos sucedem-se para emoldurar, com o cá®u servindo de pano de fundo, a cá║pula da bela Igreja de Santa Maria da Saá║de.

Ponte degli Scalzi

A Ponte degli Scalzi á® a primeira que se encontra ao chegar áá cidade a partir da estaáºáúo ferroviáíria. Poucos anos apá│s a construáºáúo da Ponte da Academia, em 1858 foi decidido erguer a terceira ligaáºáúo entre as duas margens do Canal Grande, em frente áá estaáºáúo ferroviáíria construá¡da pelos Habsburgos pouco antes.

A assim chamada Ponte da Estaáºáúo assumiu o nome de Ponte degli Scalzi (devido áá sua proximidade com a igreja de Santa Maria di Nazareth, conhecida tambá®m como ÔÇ£degli ScalziÔÇØ) ao sofrer uma importante restauraáºáúo em 1934, quando foi substituá¡da por uma nova estrutura inteiramente construá¡da em pedra da áìstria, material muito utilizado em Veneza.

Outras pontes, outras histá│rias

Muitas outras pontes permitem andar por Veneza observando os canais e os esplá¬ndidos edifá¡cios de diferentes áóngulos, mas tambá®m contam a histá│ria da cidade e as transformaáºáÁes por que passou ao longo dos sá®culos.

Ponte da Liberdade

Projetada pelo engenheiro Miozzi em 1931, a Ponte da Liberdade liga a ilha de Veneza ao continente. Inaugurada em 1933, permitiu, pela primeira vez na histá│ria, chegar a Veneza de carro. Seu nome atual foi dado em homenagem áá libertaáºáúo da cidade da ocupaáºáúo nazista.

Ponte dei Pungi (Ponte dos socos)

Outras pontes nos falam dos costumes particulares da sociedade veneziana. áë o caso da Ponte dei Pungi (localizada no bairro de Dorsoduro, a dois passos da Igreja de San Barnaba), em cima da qual os habitantes das facáºáÁes de San Pietro e San Niccolá▓ dei Mendicoli costumavam brigar trocando socos.

Vencia a equipe que, ao terminar a briga, contava mais homens na ponte, enquanto a facáºáúo que tinha mais pessoas no rio saia perdedora.

Ponte delle Tette

Jáí a “Ponte delle Tette” (Ponte das Tetas), localizada na regiáúo de Carampane, que na á®poca da Repá║blica Serená¡ssima hospedava um prostibulo, á® assim chamada porque as prostitutas, olhando de seus apartamentos, mostravam seus seios aos potenciais clientes que estavam na ponte.

Ponte dos Suspiros

Uma ponte extremamente evocativa á® a Ponte dos Suspiros. Ela conectava o Tribunal sediado no Paláício Ducal áás PrisáÁes Novas. Diz a tradiáºáúo que os rá®us, uma vez condenados, atravessavam a ponte para serem conduzidos áás prisáÁes e dela suspiraram, dirigindo seu á║ltimo olhar como cidadáúos livres para a lagoa. Hoje casais de todo o mundo se beijam e se fotografam em poses romáónticas, convencidos de que os suspiros que tornaram a ponte famosa foram de amor!

Ponte della Paglia

A Ponte della Paglia liga o pier da Praáºa Sáúo Marcos ao porto de “Riva degli Schiavoni” e corre paralela áá Ponte dos suspiros. Foi construá¡da em 1.100 e a sua parte mais antiga á® a que atravessa o rio que separa o Paláício Ducal das PrisáÁes.

Seu nome se deve ao fato de que naquele local antigamente acontecia o carregamento e descarregamento de barcos que levavam palha e feno. A palha era usada especialmente para os colcháÁes, para cobrir os telhados das casas mais pobres, misturada com lama (esse, inclusive, á® um dos motivos dos iná║meros incá¬ndios que aconteciam na cidade), alá®m de outros usos domá®sticos. O feno era utilizado para alimentar cavalos e burros.

Aos pá®s desta ponte estavam duas guaritas (pequenas casas de madeira), uma localizada perto do Paláício Ducal e a outra nas proximidades das PrisáÁes, de onde os soldados da Repá║blica controlavam a entrada e a saá¡da dos cidadáúos em tráónsito na ponte. Alá®m dessa tarefa, eles tinham que vigiar o comá®rcio e cobrar as taxas devidas ao Estado pela descarga deste material táúo importante e necessáírio para a vida da Serená¡ssima (assim era chamada a Repá║blica de Veneza). Em certos dias, diante da guarita localizada prá│xima áás PrisáÁes, os cadáíveres dos afogados estavam expostos para o devido reconhecimento.

Em 1854 foi ampliada e tornou-se como á® agora: um ponto importante e estratá®gico de Veneza, que faz parte de sua histá│ria diáíria, com milhares de cidadáúos e turistas que por ela passam todos os dias.

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Por Giacomo Cenci
Foto de capa: Ponte Rialto, Veneza. Foto: sborisov / 123RF